A mais importante meta de nossa segunda volta ao mundo de carro era alcançar três pontos no globo acima da Latitude 70°N, sendo uma em cada continente (América, Ásia e Europa). Para se ter ideia do quão ao Norte encontra-se essa linha, se transferida ao Sul cobre grande parte da Antártica e nós queríamos ir para lá dirigindo.
Das três Latitudes 70, a da Ásia (Rússia) foi a mais desafiadora, pois para alcança-la não haviam estradas, apenas rios que congelam no inverno e viram as chamadas “Zimnik” em russo, as estradas de inverno. Na prática tivemos que esperar a chegada da estação mais fria do ano, na localidade mais fria do planeta onde vivem pessoas. Nós passamos, então, 89 dias no Extremo Oriente Russo, tendo que encarar um frio de até (menos) -55°C, vivendo e dormindo dentro de nosso carro.
A investida ao Norte iniciou quando deixamos a Estrada dos Ossos – já era uma grande aventura chegar até ela no inverno – nas proximidades de Tyoply Klyuch (no estado da Iacútia) por uma estrada que seguiria pelos rios Delinne, Nel’gese e depois o Yana. O percurso de 2.400 quilômetros ida e volta nós fizemos em 13 dias e desse total, 900 quilômetros foram dirigidos sobre rios e lagos congelados. Nós alcançamos a tão sonhada Latitude 70°N russa quando chegamos no povoado de Ust-Kuiga, que se encontra a meros 150 quilômetros do Oceano Ártico. As fotos retratam um pouco dessa conquista.