Desta vez acordei bem disposto às 6 da manhã, a tempo de tomar uma ducha quente que só fica disponível deste horário às 9h e das 18h às 21h. Fui correndo aproveitar o café da manhã arregado do hotel.
Na volta encontro Marcelo Rabelo e Karina Oliani no corredor, que me contam que iriam participar de um puja. Ouço bastante interessado e me convido a participar, se tivesse lugar. Minutos mais tarde ela me confirma que sim e pouco depois nos encontramos com o Pemba Sherpa, que nos levaria na casa do monge fazer o ritual.
Pemba foi o sherpa que escalou o Everest com a Karina em 2013 e é na vila dele, Pattle, onde estamos construindo a escola com o dinheiro desta expedição.
A casa do lama era um pouco distante, fomos apertados no táxi. Neste pouco tempo em Kathmandu já era impossível não comparar a cidade com outra conhecida. A mais plausível era La Paz na Bolívia. Porém apesar de igualmente caótica e de ter uma "arquitetura favelática", La Paz é cheia de morros e ladeiras, Kathmandu é plano. Aliás Kathmandu está bem mais para El Alto, cidade vizinha da capital boliviana, famosa por abrigar o aeroporto. Elas se assemelham, tanto na arquitetura como pelo relevo, poeira e pobreza. Com a diferença que a cidade asiática tem templos bonitos e a sul americana não.
Chegamos na casa do Lama, deixamos nossos sapatos para fora e fomos no quarto onde o sacerdote rezava. Sentamos de joelho e ele começou o ritual rezando e cantando.
Ficamos em frente ao Lama para que ele colocasse uma khata no pescoço junto também com um amuleto. Ele pegou a palma de minha mão e colocou um chá aromático que tomei e espalhei o resto no que sobrou do meu cabelo.
Ele repetiu a cerimônia com todos, inclusive com o filho do Pemba, de um ano, que não deu muita bola para o sacerdote.
Saímos do puja com a permissão dos deuses para escalar as montanhas e fomos aproveitar para conhecer a Stupa de Boudhanath que é o maior monumento religioso budista do Nepal e que fica lá perto.
Caminhamos junto com a família de Pemba e chegamos na stupa com suas bandeirinhas e rodas de oração, além dos famosos olhos de Bhuda. Foi novamente um caldeirão cultural, com monges e turistas do mundo todo contrastando com aquela paisagem urbana tão pitoresca.
O que estou achando mais legal dessa viagem é a diversidade cultural do Nepal. Não me ligo em religião, mas é muito marcante como as religiões influenciam nos valores das pessoas do Nepal que são fiéis a estes valores.
Claro que os tempos estão mudando e já estão aparecendo ladrõezinhos e gente maliciosa pela cidade, porém o que noto é que as pessoas ainda não tem ambições materiais e se dedicam muito mais à sua espiritualidade. Menos os políticos, valorizam outras coisas.